The Coloniality of Gender

Apesar do fim formal da colonização, os seus vestígios persistem — moldando o género através dos espaços, dos gestos e das presenças.

Com base na vila de Santana, em São Tomé, o projeto observa como formas de poder herdadas se inscrevem no quotidiano. As infâncias generificadas são um reflexo disso: enquanto os rapazes brincam livremente em grupo, as raparigas são frequentemente chamadas a ajudar as mães nas tarefas domésticas — ensaiando, em silêncio, papéis moldados por séculos de divisão do trabalho e controlo social.

Como resposta, o projeto participativo O Mundo Imaginário criou um espaço temporário para o brincar, a imaginação e a reconfiguração dos papéis de género. Através do brincar, as crianças foram convidadas a imaginar outras possibilidades relacionais, para além dos papéis herdados. O projeto foi desenvolvido em diálogo com a comunidade local e contou com o apoio da SOMA, uma organização dedicada à igualdade de género.

Estas experiencias tomaram forma em desenho, escultura, vídeo e pintura sobre linho de grande escala. Os desenhos registam realidades quotidianas marcadas pelo género. As outras obras propõem visões silenciosas, mas subversivas: figuras de meninas imersas em atividades tradicionalmente associadas aos rapazes — trepar, construir, descansar, criar — ocupando com leveza espaços antes moldados pela exclusão.
Os seus corpos surgem em gestos monocromáticos e quase esbatidos, como se emergissem de um futuro ainda por fazer. Um futuro onde a imaginação se torna lugar de presença, de escuta e de transformação.