À Volta do Barro

Um projeto artístico centrado na reativação de tradições cerâmicas femininas interrompidas por processos coloniais. Através de colaborações com guardiãs e guardiões destas tradições, estas práticas são reativadas e um arquivo visual e coletivo da reconexão é construído.

As imagens apresentadas resultam de etapas desenvolvidas em Portugal e Cabo Verde. Na ilha da Boa Vista (2025), a residência com os últimos praticantes da tradição local permitiu reforçar a continuidade da prática através do diálogo intergeracional e da experimentação com técnicas ancestrais. Em Portugal (desde 2024), uma linha interrompida é retomada por meio de oficinas com Isabel Sanches, herdeira da tradição Trás de Monti (Santiago, Cabo Verde).

Cada processo decorreu sobre pano, que absorveu a argila local e registou os gestos da transmissão. Suspensos, dobrados ou sobrepostos, os panos dialogam com cerâmicas moldadas a partir da terra local, segundo os métodos específicos de cada guardiã ou guardião do saber. Formam um corpo coletivo onde o barro — símbolo das origens comuns — se entrelaça com percursos locais.

A instalação continua a evoluir com novas colaborações e residências, iniciando uma nova etapa na Holanda. Torna-se assim um arquivo vivo da reconexão com uma linhagem patrimonial feminina: outrora interrompida, hoje reativada.

Realizado com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, da Câmara Municipal da Boa Vista e do fundo Cultural Participation.